segunda-feira, 25 de julho de 2011

Parte II


X. acha beleza em tudo, em como as pessoas podem acordar bem cedo para limpar uma parte meio esquecida de um armário, ou para varrer a calçada não importa se está ventando. Mas ao mesmo tempo X. tem um certo nojo, um nojo de uma humanidade tão passiva e que se destrói. Não faz sentido, pensa ele.
X. acha que algumas coisas as pessoas deveriam perceber que não têm sentido algum. Porque as pessoas brigam tanto? X. imagina um mundo onde não há brigas. Se tudo não faz sentido algum, porque alimentar alguma delas, uma que causa desconforto e tragédia? X. quer somente que as pessoas liguem para o que é gostoso, mesmo que não exista sentido ou motivo para algo ser gostoso. Será que é gostoso brigar? Porque somente não se para com isso?
Espera sempre algo que venha e o arrebata, algo que o deixe defasado do vazio e da inquietude, um abraço quente, um suco de maracujá, um reflexo curisoso, um cheiro horrível. Mas nenhuma droga. X. não gosta de drogas, tem medo delas por alguma coisa. Fica desesperado se algo o atrapalha de pensar direito, mesmo sabendo que pensar é algo desprovido de razão. Fica com medo de disperdiçar a vida sóbrio, a cor de uma borboleta, o gosto do suco de maracujá.
X. queria viver num filme de cinema, com um diretor e um roteiro, onde não teria que lidar com os humanos — pois o roteiro já estaria pronto — e onde os tiros fossem de mentira e os beijos fossem de verdade. E também se viveria para sempre em algum lugar.


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