terça-feira, 26 de abril de 2011

Pessoas Comuns

      Amigo,
     
      Lembra de quando eu stava no colégio, tinha vindo da Grécia, sedento por conhecimento. Foi lá que nos vimos, e eu disse que meu pai estava lotado de dinheiro. Você disse: "nesse caso, tenho rum e coca-cola", respondi que tudo bem. Desabafei para você: "Quero viver como uma pessoa comum e fazer o que quer que uma pessoa comum faz. Quero dormir com uma pessoa comum, que nem você" Você ficou meio sem reação e disse: "Verei o que posso fazer", e então me levou para um supermercado. Te conhecendo agora, acho que você só me precisava levar para algum lugar, e acabou sendo lá. Você disse para que eu fingisse estar sem dinheiro, e eu achei um pouco engraçado. Então você me perguntou de um jeito estranho se eu realmente queria viver como uma pessoa comum, ver o que uma pessoa comum vê, dormir com uma pessoa comum, como você. Mas eu não entendi, só segurei sua mão e sorri.
      Caro leitor, você pode alugar um apartamento em algum canto diferente, cortar seu cabelo e conseguir um emprego, começar a fumar, jogar sinuca ou algo assim. Mas continuará sem entender, porque quando você se deita de noite, vendo as baratas andando pelas paredes, sabe que se chamasse seu pai ele poderia resolver tudo aquilo. Você nunca irá viver como uma pessoa comum, nunca irá fazer o que elas fazem, nunca irá falhar como elas falham,  nunca irá ver sua vida deslizar para fora de vista.
      E então dance, beba, transe, porque não há mais nada para fazer!

Obrigado, Marlais.
Em nosso caso, traduzi 'dormir' como simplesmente 'dormir', porque se não as coisas iam ficar todas estranhas entre agente (risos).

Esse foi uma rápida releitura minha a um trecho não mais nem menos lindo que o resto, da música Common People - Pulp.

Fim da caminhada de terça

Gás pesado e duro que respiro
O metal fragmentado que resta
De suas feridas em umidade tosca

Silêncio dos homens, por trás
Sofredores humildes de sua limpa ilusão

Se essas geladas escadarias não fossem
Tão iluminadas ao longe! Então nos levam
Às frias engranagens do coração hipócrita

Ainda me farão chorar nesse dia
Lágrimas vazias do corpo cheio

Fria alva névoa em simbolistas não,
de ferro polido no sangue foi embotoado

segunda-feira, 25 de abril de 2011

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    Hoje parece que todos estão deprimidos. Talvez seja efeito se uma segunda-feira após feriado prolongado, não sei. Incrivelmente eu não estou tanto (deprimido), também não sei. O feriado foi muito bom, não ótimo (perfeito) como eu queria, mas "lavou a alma", seja lá o que isso signifique. Claro que andei, saí no sol, ri bastante e joguei videogame. Houveram muitas novidades e histórias de muita gente, todos os dias de feriado. Acho que agora começarei a desenhar mais. Qualquer coisa. Até brincamos de pintar lá em casa, eu, um amigo, minha namorada e minha cunhada, que ficou de fora lendo. Desenhos abstratos de todos os tipos, alguns até com figuras concretas, mas em coisas abstratas no final das contas. Acho que algumas vezes as coisas são simplesmente mágicas, mesmo sabendo que um dia esqueceremos bastante, se não tudo. É uma idéia que assusta como a morte, mas é melhor para outro dia, quando as palavras saírem mais bonitas na linguagem dos humanos. Estou com saudade de todos, e também de todos os dias e pessoas que virão, e que deixam de vir.
Vamos todos dormir, boa noite

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Post-piada e o Planeta Terra

Este post de hoje é uma mini-crônica para comentar sobre aqueles posts que vemos em blogs por aí, aparentemente sérios, que eu costumo denominar de post-piada - assim como qualquer outro tipo de objeto de piada, como por exemplo, se você tem uma camiseta muito engraçada, eu a chamo de camiseta-piada. Estes posts são geralmente assim: começam por algum título que aparentemente não faz o menor sentido, por exemplo: Internet e Cometas - o que é propositalmente pensado pelo escritor, para que desperte sua curiosidade e o faça querer lê-lo até o final. Durante a leitura, percebe-se que o texto aparentemente não tem conteúdo objetivo algum, e você pode até começar a duvidar de sua capacidade de abstração, se perguntando: será que eu não estou entendo alguma coisa? Mas essa é só a primeira impressão, logo você se dá conta de que tudo aquilo não passa de uma espécie de humor individual do autor do post - individual porque quase ou somente ele vai achar aquilo engraçado, às vezes nem isso, casos em que o autor na verdade só quer mesmo irritar os leitores -, o qual em muitos casos usa a metalinguagem (figura de linguagem onde você utiliza uma coisa para dizer algo dela mesma, como por exemplo uma música sobre músicas) da maneira mais sutil possível, para parecer a si próprio, ao ego, esperto e culto, quando na verdade não tem nada a dizer, e é tudo uma redundância. A partir daí você começa a se sentir explorado por ele, usado por ele, uma bonequinha de pano em suas mãos malévolas, e então uma necessidade de vingança surge e você quer parar de ler todo aquele texto imenso para não dar razão ao seu inimigo. Mas você não consegue, sabendo que ele nunca saberá mesmo quem você é, e nem ninguém, e que somente você irá carregar essa culpa para sempre em segredo, você, pela ação venenosa de sua curiosidade, continua a ler baixo, perdendo seu tempo, já humilhado no fundo de um poço, sozinho no escuro, ou na claridade de seu monitor.
É traindo esse movimento de egocêntricos, pseudo-cults, sozinhos na vida e que não têm coragem de se auto-afirmar, que eu lhes deixo esse convite, muito interessante, para, no final das contas, promover a vossa cultura: Planeta Terra 2011

Meu Eterno Retorno

Tem aquela parte da vida que o tédio vira uma rotina grotesca. Mesmo com o sol da tarde iluminando as copas pela sua janela ou a luz da lua cheia ao nascer vermelha, não há nada de novo, não há ânimo algum. Não se tem vontade de fazer nada mas ao mesmo tempo morre-se de tédio. Parece que nada é interessante o suficiente e você se vê tendo que aceitar o mais ou menos - ou nada. As pessoas são muito mais ou menos nesses lugares.
Mas finalmente, há o retorno, eterno, para aquele lugar lindo, onde uma conversa vale mais de mil dias da vida passada. Posso correr 5km no sol sem me cansar nem me queimar, aqui. Me sinto voando, amado. Logo de manhã há muitas risadas, e a espectativa de todos sai de seus poros e paira do ar, nítida a qualquer um, de que em algum momento desse dia maravilhoso, estaremos todos juntos. Conversando, contando as novidades, as pessoas exquisitas e bizarras que nos apareceram na rua, as coisas que nos arrependemos, as maneiras que usamos para iludir o cume particípio daquela vida trágica,... - e então por fim, rimos na maior felicidade.
Nossos pulmões se alargam, o ar parece mais frio e delicioso, como um bom gole de água gelada depois de um dia de trabalho e sede, como um marshmallow, como a resolução vitoriosa de uma revolução - finalmente podemos respirar! E nossa mente então, brilha colorida e inescrupulosa, sem vergonha, alegre e contente!!

segunda-feira, 18 de abril de 2011

João e seus amigos

João não conseguia se confirmar na idéia de que talvez um deus não existisse, ele pensava agora naquela história onde Jesus aparecia para um de seus discípulos que não acreditara em sua ressurreição. Ele se identificava cada vez mais com aquele discípulo. Se esse deus quer tanto que sigamos seu caminho e disciplina, porque ele não nos deixa claro? Segundo os religiosos, deus falava em forma de enigmas e ações, mas porque tinha que ser assim? Porque uma maneira de tão mal gosto com as pessoas que sofriam ali ao lado gritando por seu químico? Porque deus não se mostra logo e acaba com todo esse terror? Ao mesmo tempo João pensava que de todas as maneiras em que as pessoas tentavam passar a idéia da existência de deus, elas usavam sempre argumentos da impossibilidade de sua não-existência, mas nunca da possibilidade de sua existência. Porque? João ansiava louco à beira do próximo veneno que tomaria, louco por alguém que viesse e dissesse que sim, deus existia, e por tal motivo. E não por alguém que viesse dizer: É claro que ele existe, porque se ele não existisse...
Naquela hora João sentia-se totalmente abandonado, e não podia acreditar que um ser seria tão cruel a ponto de deixá-lo ali, sem motivos, quando poderia tirá-lo daquela crise. Se deus existisse, não faria uma piada dessas.
Por outro lado, João condenava-se, sempre o haviam ensinado a não pensar assim, deus simplesmente existe, e ele era o próprio diabo por questionar sobre tal afirmação.
Não podendo mais conter-se, apertou a seringa, e morreu. Nos seu espamos, gritou sem que ao menos o menor som saísse de sua boca: deus, venha me buscar!

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Now that San Francisco's gone/ I guess I'll just pack it in/ Wanna wash away my sins/ In the presence of my friends