domingo, 8 de maio de 2011

Os rascunhos de um prólogo ruim

X. era um rapaz sagaz que durante sua infância sofreu diante de muitos fracassos, assim como de muitos sucessos, sendo que a diferença entre eles era que os fracasssos o levavam a uma humilhação desconfortável, enquanto que os sucessos uma confortável humilhação. Por isso, nunca se importou com seu nome. De fato, essas pequenas vitórias o afastavam ainda mais do futuro que o esperava.
Era atormentado por espasmos de dedicação, e neles, se ausentava e se punha totalmente enclausurado, afim de conduzir sua vida pelo seu comando. Por esse mesmo motivo, não conseguia nunca na escola fazer trabalhos em grupo com sinergia, sempre achava que se fizesse sozinho, pelas suas próprias regras, o trabalho saíria da maneira ideal, e ainda por cima, era tímido, receioso de acabar sendo mais uma vez humilhado.
Porém X. tinha idéias. Essas idéias no entanto eram totalmente nascidas da sua vontade de vingança para consigo próprio, por não ter se dominado completamente, por ter perdido o que perdeu e ter ganho o que ganhou. Parava de valorizar quaisquer conquistas que outros poderiam valorizar, e fazendo uma imagem de tudo aquilo que ninguém, nem mesmo ele, achava confortável, tentava imitá-la com exatidão. Achava em seu desconforto e masoquismo algo de superior àquela gente detestável e vil, que ria de seus fracassos e lhe presenteava de vitórias que faziam concretizar a sua inofensividade, inferioridade e dominação passiva. X. adquiriu visão noturna, e dormia bem com sua vingança, era sua melhor amiga e seu maior mestre. Nunca estava sozinho sem ela, e gostava de estar sozinho com ela, na escuridão, onde escondido, dele nada lhe era escondido. Aprendeu a manipular seus gostos, a ser servil de sua idéia e lhe instaurou nela intensa disciplina, que tomou pouco a pouco uma dimensão própria, como um personagem criando vida independente de seu autor. Nesse ponto, X. era contente e ao mesmo tempo vazio, podia interpretar qualquer papel, e, ao invés de se humilhar com suas vitórias, tirava vantagem delas, separando de si mesmo aquele que era antes, e chicoteando-o em ato de vendetta, sentia-se nobre, e muito esperto. Esse sentimeento de vingança não era mais tão simplesmente evocado com tão simples palavra, talvez fosse um pouco de soberba, ou quem sabe, litost, mas chamarei agora de somente 'o sentimento' (mas leitor, por favor, não aja como se o termo 'sentimento' que se encontra nos dicionários tem algo haver com isso, poderia ter dado um nome qualquer, como 'cavalo', por exemplo, não vamos nos ater a nomes).X. podia ser o menino mais amável de sua vovózinha e o mais educado e inteligente de sua escolinha, mas ria-se de si mesmo em seu interior como quem ri de um plano secreto perfeito, sua ironia era implacável. Daí o vazio que o atormentava: o plano secreto nunca caía em suas mãos. Passava os dias tentando encontrá-lo em sua cabeça, consciente e inconscientemente, e pedia ajuda à todos os deuses e musas. Mas mesmo assim vazio, sentia-se melhor, já que agora essa era a única coisa que lhe doía e pela qual podia se culpar. Qualquer outra não lhe tinha efeito algum, já que agora podia severamente controlar suas emoções.
X. havia se auto-reiniciado e renunciado, não era mais quem era, nunca foi, havia nele somente seu interior, o sentimento, e desconhecia, não mais reconhecia seu exterior. Não existia mais memórias, não existia mais um ser humano, ele era um sentimento. X não se lembra, como, de repente, uma lenta brisa veio de longe, ele percebeu que qualquer que fosse o plano, talvez precisasse de ajuda. Talvez isso fosse uma ressaca de sua solidão, mas o pensamento era desconfortável e de qualquer forma, não queria mais ninguém, queria continuar solo, no comando, mas a lógica foi lhe vencendo. Qualquer que fosse o plano, ele provavelmente não poderia estar sozinho em sua execução. Queria talvez, só alguns inocentes ecravos. Na escola, analizava todas as relações entre seus colegas de classe por cima, tentava investigar toda a vida pessoal de cada um deles, e, num flash, começou a fazer novos amigos. Não se importava mais com os antigos, eram de uma outra vida. Com meta e sem plano, começa a executá-lo, pousado na mágica obscura de um dourado cavaleiro rebelde, renegado pela opressão imcrompeendida.

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